Na tarde de quinta-feira (10), a
Procuradoria da Mulher da Assembleia promoveu, no auditório Neiva
Moreira, no Complexo de Comunicação, rodas de conversa sobre o tema
geral “Garotas no Poder – O Despertar do Protagonismo Feminino Jovem na
Política”, tendo como público-alvo mulheres jovens, na faixa etária de
16 a 20 anos, oriundas de escolas públicas de São Luís e de outras
cidades maranhenses.
A procuradora da Mulher na Assembleia,
deputada Valéria Macedo (PDT), abriu e coordenou o evento, cujo objetivo
era debater o empoderamento da mulher na sociedade, sua participação na
política e, especificamente, casamento infantil e gravidez na
adolescência. A presidente nacional da Ação da Mulher Trabalhista (AMT),
Miguelina Paiva Vecchio, palestrou e foi a mediadora da roda de
conversa.
O momento artístico foi conduzido pela
cantora Milla Camões, logo na abertura. Ela entoou repertório focado no
tema do debate. Em seguida, foi exibido o filme “Menina Noiva”,
longa-metragem produzido pela ONG Plan Internacional, abordando os
fenômenos da gravidez precoce e do “casamento infantil” no Brasil, tanto
na zona rural quanto na urbana. É sabido que o Brasil é o quarto país
do mundo em casos de gravidez precoce e “casamento infantil”.
“Hoje, refletimos com essas garotas que
representam nossa juventude, o futuro. Debatemos sobre a realidade
vivida por meninas que engravidam e casam-se precocemente. Também
debatemos sobre a participação da mulher na política e seu empoderamento
na sociedade. Para tanto, contamos com a experiência de mulheres que
lutam em diversas trincheiras em defesa dos direitos da mulher”,
esclareceu Valéria Macedo.
A feminista Miguelina Vecchio proferiu
palestra sobre o tema “A Participação da Mulher na Política” e relatou
sua trajetória de luta, principalmente na militância partidária, em
defesa dos direitos da mulher. Segundo ela, sem estudo é muito difícil
se emancipar. “A emancipação passa, necessariamente, pelo bolso. Vocês
têm de estudar e cuidar de si. Vocês têm que ter direito à opção.
Precisamos desconstruir os preconceitos da sociedade machista, que
mantém a mulher na invisibilidade”, defendeu.
A primeira roda de conversa enfocou o
tema “Empoderamento das Mulheres no Espaço de Poder”, reunindo a
dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e assessora
parlamentar do deputado federal Zé Carlos (PT/MA), Patrícia; a
representante do Fórum Maranhense de Mulheres, Thays; a advogada e
dirigente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/RJ), Yanne Milano, e a
estudante e vice-presidente da Juventude Socialista do Partido
Democrático Trabalhista (PDT/MA), Lenyr Mariana Haidar Santos, do
município de Trizidela do Vale.
“Os homens machistas terão que nos
engolir. Acredito na política e nas mulheres dentro da política. Nós
temos potenciais e força para transformar a sociedade. Vou honrar as
mulheres e nossa luta”, afirmou Mariana.
“O surgimento da família patriarcal é o
princípio da opressão da mulher na sociedade capitalista. A ideologia
burguesa impõe que as mulheres devem ser educadas para cuidar do lar e
dos filhos. Para desconstruir essa enganação, temos que ‘chutar o pé da
porta todos os dias’. Direito não é concessão, é conquista. Lugar de
mulher é onde ela quer”, destacou Patrícia.
Para Yanne, falar da história da mulher
na sociedade é o mesmo que falar de invisibilidade. “O que queremos é
equidade. Temos mulheres maravilhosas que se destacam na luta pelo
empoderamento da mulher na sociedade. Um exemplo é a escritora negra
Maria da Conceição Evaristo de Brito. As mulheres não avançam mais na
conquista dos seus direitos, porque o patriarcado não deixa”, frisou.
Segundo Thays, o feminismo é visto como
uma coisa chata. “Precisamos ampliar esse debate sobre o empoderamento
da mulher. Por isso, estou lançando um blog com o propósito de servir de
espaço para o debate em prol da luta das mulheres em defesa dos seus
direitos”, assinalou.
A desconstrução dos preconceitos
A segunda roda de conversa debateu o
tema “A desconstrução dos Preconceitos e a Construção de uma Sociedade
Libertadora”. Lília Raquel (jornalista e militante do PT), Sara Freitas
Pinheiro (estudante e liderança política da área Itaqui Bacanga), Sílvia
Tereza (jornalista e diretora-adjunta de Comunicação da Assembleia) e
Rose Jane Paula Farias (secretária-adjunta de Estado da Educação) foram
as debatedoras.
“Temos que sair de nossa zona de
conforto. Precisamos problematizar a questão da mulher na sociedade,
lutar por nossos direitos e conquistar mais espaço na sociedade, assim
como ampliar nossa participação política”, sugeriu Lília Raquel.
“Sofremos preconceitos em todos os
espaços da sociedade, principalmente dentro das escolas. Mas não podemos
nos intimidar. Temos que ir para cima, fazer o debate em todos os
lugares”, ressaltou Sara. “É maravilhoso participar desse debate e
ouvir vocês. Enfrentei resistências para participar da blogosfera da
política. Resisti e fui seguida. Ainda somos poucas, mas sinto orgulho
de ter enfrentado essa luta”, disse Silvia Tereza.
Rose Jane ressaltou que as mulheres
nunca deixaram de participar da luta em defesa dos seus direitos, mas
que ainda têm um longo caminho a percorrer. “Temos que discutir a figura
da mulher dentro das escolas. Esse é um espaço no qual precisamos
ampliar esse debate. Temos avanços, mas ainda falta muito para a mulher
se emancipar”, pontuou.
Avaliação
A estudante Suane de Jesus Pavão Correa,
16 anos, aluna do segundo ano do Centro Educacional Fernando Perdigão,
avaliou o encontro como proveitoso. “Aprendi muitas coisas com mulheres
experientes. Sou muito grata pela oportunidade que a Procuradoria da
Mulher nos proporcionou. Adquirimos conhecimento de fundamental
importância para jovens de nossa idade. Gostei”.
Para Rafaele Pereira Mendes, 17 anos, a
proposta foi interessante. “Descobri que as mulheres têm um potencial
muito grande para contribuir com a transformação da sociedade. Saio
daqui bastante motivada para lutar pelo espaço das mulheres. As
experiências relatadas foram muito enriquecedoras. Acho que precisava de
mais tempo para ouvir mais, debater e tirar as dúvidas”, observou.





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