sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Após duplo assassinato, Força Nacional chega à Terra Indígena Cana Brava, no MA


Tropas da Força Nacional chegam a Terra Indígenas Cana Brava, 
em Jenipapo dos Vieiras — Foto: Erisvaldo Santos
 Operação deve durar 90 dias para garantir a integridade física e moral dos povos indígenas, dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos não índios.
A Força Nacional chegou nesta quarta-feira (11) na Terra Indígena Cana Brava, onde dois índios da etnia Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos em um atentado no sábado (7) na BR-226.

As tropas chegaram por volta das 18h. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a medida tem como objetivo garantir a integridade física e moral dos povos indígenas, dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos não índios. A Força Nacional também irá contribuir com as ações da Polícia Federal e atuar na fiscalização da BR-226.
A operação da Força Nacional deve durar 90 dias, mas pode ser prorrogada. Enquanto as tropas não chegavam na região, equipes da Polícia Militar faziam o policiamento para garantir a segurança e integridade dos indígenas.

Morte de indígenas
O atentado que deixou morto dois caciques e feriu outros dois índios ocorreu entre as aldeias Boa Vista e El Betel, no município de Jenipapo dos Vieiras, a 506 km de São Luís. Um dos feridos contou que foi surpreendido por um veículo de cor branca que disparou diversas vezes contra a moto onde ele e um dos mortos estavam.

Segundo a Funai, o crime pode ter relação com constantes assaltos registrados no trecho da BR-226.
Sepultamentos
Foram sepultados na segunda-feira (9) os corpos dos caciques Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara na região da Terra Indígena Cana Brava, em Jenipapo dos Vieiras. Sob forte emoção, o enterro de Firmino teve presença de familiares e amigos do cacique da aldeia Severino.
Outros dois indígenas que ficaram feridos foram internados. Um deles foi submetido a uma cirurgia no Hospital Macrorregional de Presidente Dutra. Apesar de ter quadro estável, o estado de saúde é considerado grave, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O segundo índio ficou ferido, Nelsi Guajajara, deveria ter alta na segunda (9), mas ainda não há informações se ele foi liberado.
Investigações
Raimundo Guajajara morreu durante o ataque a índios em
 Jenipapo dos Vieiras no Maranhão — Foto: Divulgação/Apib
Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal (PF) para investigar o caso. A Polícia Civil do Maranhão encaminhou um relatório à PF e também acompanha as investigações.
Um representante do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos realizou na segunda, uma visita à Terra Indígena Cana Brava. Procurado pelo G1, o ministério ainda não informou quais ações serão tomadas por conta das mortes.

Protestos
Por quase dois dias, três pontos da BR-226, na entre as aldeias Boa Vista e El Betel, localizado entre os municípios de Barra do Corda e Grajaú, ficaram bloqueados pelos indígenas que protestavam pelo atentado. O trecho só foi totalmente liberado no final da tarde deste domingo (8).

Após atentado, índios bloqueiam a BR-226 no Maranhão
 Foto: Divulgação/Redes Sociais

Durante os bloqueios, um congestionamento de veículos de mais de 1,5 quilômetro foi registrado na área. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Maranhão (PRF-MA), os índios chegaram a atacar com pedras um ônibus que trafegava pela região. As janelas do veículo foram quebradas, causando pânico entre os passageiros.
Lideranças reagiram à morte dos indígenas, dentre elas, Sônia Guajajara, que se solidarizou com os familiares das vítimas e pediu justiça para o caso.
Por G1 MA

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